Criança com boa autoestima e autoconfiança

Como melhorar a autoestima dos nossos filhos

Em Psicologia Infantil por Elisabete Condesso

Sabe como melhorar a autoestima do seu filho?

Perante a educação dos filhos, muitos pais ficam confusos sobre as estratégias a utilizar, ou seja, não sabem quando valorizar ou estabelecer limites.

Todos nós queremos crianças felizes, que se tornem adultos realizados. Então, é fundamental que elas se sintam confiantes nas suas capacidades e que gostem de si. A autoconfiança leva a que a criança confie nas suas capacidades.

Mas, a autoconfiança é o resultado da autoestima e surge na infância como aprendizagem. A autoestima tem como base a avaliação que fazemos de nós próprios: como achamos que somos e que caraterísticas possuímos. Alguém com autoestima elevada sente-se confiantemente adequado à vida, competente e merecedor; pelo contrário, alguém com autoestima baixa sente-se inadequado à vida e errado como pessoa.

Autoestima: importância da vinculação durante a infância

A autoestima surge através dos olhos das figuras importantes do mundo da criança que assim vai adquirindo a ideia de como ela é, à semelhança do outro. A criança vê-se a si mesma, através do espelho das opiniões e expetativas dos outros – mãe, pai, irmãos, amigos – aqueles que têm importância para ela.

Assim, a autoestima é o produto de contingências de reforço, sendo que quando uma criança se comporta de maneira positiva, os pais oferecem-lhe, como consequência, alguma forma de atenção, carinho, abraço, sorriso, gratificando assim o seu filho. Pelo contrário, se toda a vez que a criança atua, é repreendida, criticada, afastada, não tocada, nem ouvida, gera uma forma de punição no filho, diminuindo a perceção que faz de si mesma.

Assim se forma um padrão de vinculação mãe/cuidador-bebé que, se for seguro, indica a perceção de si mesmo como merecedor e digno dos cuidados dos outros. E, em caso contrário, indica a perceção de si próprio como não merecedor dos cuidados dos outros.

Daqui se conclui que qualquer disfunção nas relações de vinculação durante a infância, reflete-se necessariamente no desenvolvimento do autoconhecimento futuro. Assim sendo, com base nas interações estabelecidas com as figuras mais significativas, a criança constrói representações cognitivas que englobam aspetos sobre si própria, o outro e a sua relação com o outro, que lhe servem de orientação face a novas experiências relacionais.

A criança durante a infância, e sobretudo na adolescência, dá-se conta da importância da qualidade da relação com a família nos mais variados aspetos, nomeadamente, no ajustamento académico, no que se refere à satisfação com a escola, e as representações de si próprio (autoestima e autoconceito). Aqui contribui o suporte emocional que a família está capaz de fornecer, influenciando positivamente a perceção de competência, as relações com os pares e a motivação escolar do jovem.

Adolescente com boa autoestima e autoconfiança
Adolescente com boa autoestima

Na fase da vida do adolescente é extremamente importante a questão da aparência física, sendo esta a que melhor prediz a autoestima. Assim surgem as comparações entre colegas, a necessidade de reconhecimento, já que estes assumem um papel predominante, comparativamente à família, como fonte de construção da sua identidade.

E importância da autoestima e autoconfiança

Além disso, outro aspeto de extrema importância e peça fundamental da autoestima é a autoconfiança. Ela desenvolve-se quando a criança tem a possibilidade de emitir um comportamento e produzir consequências no seu ambiente. Para tal, necessita de autonomia suficiente para explorar aquilo que se encontra à sua volta, permitindo que a criança se sinta capaz e segura. Quando, em contraponto, a mãe faz tudo pelo filho, ocorre um apego exagerado entre eles, gerando medo e insegurança. Aquando da separação da mãe, mesmo que seja por um curto espaço de tempo, torna-se insuportável para o filho, provocando choro, birras e, mais tarde, caso não seja alterada a situação, fobias sociais e depressões clínicas. Em adulto torna-se dependente dos outros para lidar com as situações da vida, gostando de si em exagero, apresentando-se pouco sensíveis às necessidades dos outros.

O ideal é que os pais estejam presentes e adequem o seu comportamento às habilidades da criança e ao grau de dificuldade da tarefa. Sempre que o filho demonstre que a sua habilidade evoluiu, o pai deve reduzir progressivamente a ajuda até que a tarefa seja realizada sem hesitação e com autonomia.

E ainda a importância da autoimagem positiva dos pais

A falta de autoestima contribui para formar crianças e adultos inseguros e receosos. Cria pessoas que desconhecem as suas potencialidades e não as desenvolvem. Contribui para o falhanço dos desempenhos escolares, profissionais e familiares.

Um adulto sem autoconfiança também não pode desenvolvê-la nos filhos. Por isso, para ajudar os filhos a terem confiança nas suas capacidades, os pais têm que ter um papel ativo na construção de um autoimagem positiva.

Em suma …

A autoestima e a autoconfiança interferem em todas as atividades da nossa vida, desde a relação com os pais, os filhos e os pares, até ao rendimento escolar, vida conjugal, sexual e profissional. Leva a que confiemos nas nossas capacidades e que sejamos capazes de ultrapassar obstáculos. E seremos adultos felizes se tivermos uma boa autoestima e autoconfiança.

Por isso, contribua para que os seus filhos tenham uma elevada autoestima e autoconfiança, proporcionando-lhes um bom suporte emocional e ajudando-os a seres autónomos. Estará a ajudá-los a valorizarem-se a si mesmos, na relação com os outros, e lembre-se que isso ajudará a que sejam felizes!

Elisabete Condesso / Psicóloga e Psicoterapeuta

© PsicoAjuda – Psicoterapia certa para si, Leiria

Sobre o Autor

Elisabete Condesso

Directora clínica da PsicoAjuda. Psicóloga clínica e Psicoterapeuta. Licenciada em Psicologia Clínica pela ULHT de Lisboa e com pós-graduação em Consulta Psicológica e Psicoterapia. Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos. Título de especialista em “Psicologia clínica e da saúde” atribuído pela Ordem dos Psicólogos.