Uma larga franja da população atual é afetada por transtornos psicossociais que produzem prejuízo no comportamento global do individuo (social, ocupacional, familiar e pessoal) e/ou nas pessoas com quem ele convive.
A organização mundial de saúde diz que o estado de completo bem-estar físico, mental e social define o que é saúde. Portanto, neste contexto, uma doença Psicossocial estará associada com a ideia de falta de bem-estar.
Existem diversos tipos de doenças e transtornos psicossociais: depressão, reação aguda ao stress, ansiedade generalizada, transtorno do pânico, transtorno misto ansioso e depressivo, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias sociais, fobias específicas, transtorno bipolar do humor e agorafobia.
Diversos fatores determinam o início, a prevalência e a evolução dos transtornos psicossociais. Fatores económicos, sociais, demográficos, sexo e idade, ambiente familiar, ameaças graves como conflitos e desemprego, pobreza e as condições associadas ao emprego, privação e ausência de domicílio, a presença de doença física grave, ilustram o impacto neste tipo de doença.
Stress está na origem de transtornos psicossociais e doenças psicossomáticas
Atualmente, com o agravamento de muitos destes fatores, motivado pela atual crise económica, esta a assistir-se ao aumento da prevalência das doenças e transtornos psicossociais, em particular motivados pelo Stress.
O stress ocorre quando enfrentamos uma situação. É um fenómeno natural corporal e psicológico resultante dessa reação à situação, e é um mecanismo importante, pois visa reunir força e energia para o confronto. Porém, um alto nível de stress provoca sintomas físicos e psicológicos desfavoráveis que, ao invés de ajudar no enfrentamento, vai bloquear e prejudicar todo o funcionamento do organismo.
Desta forma, os sintomas físicos do stress são a fadiga, insónia, falta de apetite, cansaço constante, neurastenia, etc. Os sintomas psicológicos são a depressão, falta de concentração, agressividade, irritação excessiva, ansiedade, pensamentos obsessivos, ciúme excessivo, tiques ou manias, etc.
Além disso, o stress está na origem de outras doenças psicossomáticas. Conjuntamente com outros fatores, nos quais se incluem as frustrações, problemas afetivos, insucesso, esses transtornos psicossociais acarretam distúrbios orgânicos, ou seja, se estamos preocupados, tensos ou ansiosos – agravado por problemas de stress – o nosso corpo tem tendência a adoecer mais facilmente.
Stress e transtornos psicossociais associados ao desemprego
Um das causas do stress é o desemprego que se encontra atualmente muito alto. Os requisitos para se conseguir um novo emprego são cada vez mais exigentes. Atualmente o mercado estipula condições que fogem da área de conhecimento do sujeito e os estudos não garantem ao empregado um bom salário ou um bom emprego.
Assim sendo, os efeitos psicológicos identificados como ligados ao desemprego, incluem-se o desespero, depressão, autoestima negativa, resignação, vergonha, apatia, desesperança, sensação de inutilidade, perda de objetivo, passividade, letargia e indiferença.
Entre os efeitos sociais incluem-se a pobreza, desagregação da vida familiar, incluindo o divórcio e várias formas de comportamento antissocial, perda de estatuto social, perda de disciplina temporal e rotina diária, incluindo roubo, tráfico e vandalismo.
No que se refere aos efeitos físicos, incluem-se várias formas de doença, insónia, tensão e ansiedade, resultando às vezes em abuso de álcool, drogas, violência intrafamiliar, maus tratos a crianças e tentativa de suicídio.
Stress ocupacional
As incertezas que advém do estado da sociedade giram em torno, não só, do desemprego, como também na manutenção do emprego por parte de quem ainda o tem.
No contexto de trabalho poderá surgir, então, o Stress Ocupacional como uma resposta do trabalhador frente à sua inabilidade ou incapacidade para enfrentar as exigências do seu trabalho, gerando assim, desconforto, mal-estar e sofrimento, desenvolvendo alterações emocionais e físicas, que prejudicam o equilíbrio vital, devido a acontecimentos relacionados como o tipo de vida que se leva em sociedade, ou seja, os stressores psicossociais.
As reações mais comuns no stress ocupacional são a agressividade, irritação excessiva, desânimo, depressão, cansaço constante, neurastenia, fadiga excessiva, dores musculares, alterações cardíacas, aumento da pressão arterial, dores de cabeça, etc.
Em situações limite pode surgir um quadro de Burnout (ou síndroma de Burnout), que se refere à resposta emocional do indivíduo diante das situações de trabalho, habitualmente de intenso contato com pessoas, onde se exercem grandes pressões em relação à produtividade e onde os obstáculos organizacionais interferem na obtenção do resultado individual desejado.
A exaustão emocional resultante é determinada por uma falta de energia, entusiasmo e sentimento de esgotamento de recursos. A diminuição da realização pessoal e profissional culmina com a disposição do trabalhador em exercer uma autoavaliação negativa relativamente ao seu trabalho, sentindo-se infeliz consigo mesmo e insatisfeito quanto ao desenvolvimento profissional. São os workaholics (pessoas viciadas, dependentes de trabalho), cujo tipo de personalidade é favorável ao desenvolvimento de Stress Ocupacional.
Stress positivo
No entanto, a par de tudo aquilo que de mais nocivo se disse a respeito dos efeitos nefastos do stress, é necessário acrescentar que este pode também provocar mudanças positivas no indivíduo como, crescimento pessoal, domínio e controle de si mesmo e capacidade de superação. Trata-se aqui do uso do termo eustress, que é um stress positivo, pois é quando o esforço de adaptação despendido pelo organismo gera realização pessoal e bem-estar.
Tal acontece porque um fator de stress compreende aspetos cognitivos, comportamentais e fisiológicos, visando propiciar uma melhor perceção da situação e das suas exigências, assim como o processamento mais rápido da informação disponível, possibilitando uma procura de soluções, selecionando condutas adequadas e preparando o organismo para agir de maneira rápida e vigorosa.
Do exposto, procura-se fomentar uma visão de otimismo de que, muito embora as atuais dificuldades, a atual conjuntura do país e do mundo, as carências e falta de realizações, as frustrações, desigualdades e corrupções, é urgente canalizar a energia vital para mecanismos mais saudáveis, de lutar por um espaço próprio e individualizado, onde o potencial tenha forma de se concretizar, sem medo que as falhas impeçam a concretização dos objetivos. Por isso, este ano invista mais em si e procure ser feliz!
Elisabete Condesso / Psicóloga e Psicoterapeuta
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