A demência é uma síndrome que progressivamente irá afetar funções cognitivas como a memória, a atenção, o raciocínio, a linguagem e a comunicação, contudo, existem formas de estimular e preservar a cognição dos pacientes que apresentam este quadro clínico.
As sessões de terapia da fala desempenham um papel fundamental quer seja na preservação da linguagem como da comunicação, funções tão importantes para manter o doente em socialização.
Qual o papel da Terapia da Fala na Demência?
O profissional de terapia da fala utiliza estratégias individualizadas, com foco em:
- Estimular a linguagem verbal e não verbal;
- Manter a comunicação funcional, mesmo nos estágios mais avançados da síndrome;
- Ajudar na compreensão de ordens, perguntas e rotinas;
- Reduzir frustrações associadas às dificuldades de expressão;
- Apoiar a família na readaptação da comunicação com o familiar.
O objetivo principal da intervenção consiste sobretudo na manutenção das capacidades presentes, em vez da recuperação de competências previamente perdidas. Além disso, destaca-se a importância da criação de alternativas de comunicação eficientes, bem como a promoção da participação do indivíduo na vida social e afetiva, evitando o isolamento que acelera a progressão da demência.

Quando iniciar a Terapia da Fala?
Quanto mais cedo a intervenção em terapia da fala for iniciada com pacientes que apresentam sinais de demência, melhor, mesmo nos estágios iniciais, o trabalho desenvolvido pelo terapeuta ajuda a retardar perda de competências e a criar estratégias de comunicação que a família poderá colocar em prática ao longo do tempo. Em estados moderados e avançados, o foco passará a ser a comunicação funcional.
Posso estimular o meu familiar em casa?
Claro que sim, pode e deve estimular a comunicação funcional do seu familiar. A família é parte fundamental do processo de estimulação e motivação do paciente com demência, uma vez que fora do ambiente clínico, existem várias oportunidades de o estimular cognitivamente, que farão toda a diferença na melhoria da sua qualidade de vida.
Abaixo deixamos algumas sugestões que poderão ser colocadas em prática em ambiente familiar:
- Conversar de forma clara e afetuosa, utilizando frases curtas e alguns gestos;
- Manter sempre o contacto ocular enquanto conversam;
- Usar fotos e memórias afetivas para identificar pessoas, lugares e datas;
- Incluir a pessoa nas atividades do dia-a-dia, pedindo para realizar tarefas simples e seguras (p.e. – dobrar panos);
- Criar rotinas previsíveis e estruturadas;
- Jogar jogos de memória, ao dominó e/ou ao bingo (com imagens);
- Ler (se não conseguir ler, o familiar pode ler para a pessoa);
- Cantar músicas da juventude – é frequente a memória musical estar preservada;

Assim sendo podemos dizer que a comunicação e a linguagem são muito mais do que palavras — são formas de conexão, de identidade e também de vínculo. O trabalho desenvolvido pela terapia da fala contribui para a preservação dessas competências o máximo de tempo possível, mas sobretudo, ajuda a salvaguardar a dignidade da pessoa com demência em cada etapa da sua doença.
Tatiana Sousa/Terapeuta da Fala © Psicoajuda – Psicologia certa para si, Leiria
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