Depressão Sazonal com a chegada do Outono

Depressão sazonal … com a chegada do Outono

Em Psicologia adultos por Elisabete Condesso

Quando as temperaturas começam a baixar e o dia escurece mais cedo, é natural que haja uma maior tendência para ficar em casa, uma espécie de preguiça que convida a comer mais e dormir prolongadamente. Trata-se de uma reação natural. No entanto, há pessoas que reagem de uma forma mais exacerbada à chegada do Outono, dando lugar a uma letargia e fadiga excessivas, alterações do humor, e ainda sentimentos e comportamentos depressivos. Elas geralmente não percebem que sofrem de depressão sazonal, também designada como desordem afetiva sazonal. E tudo porque as noites são mais longas e os dias mais curtos e cinzentos: o que está em causa é o menor número de horas de luz e a qualidade da mesma.

A luz influência o nosso processo biológico

A luz influencia o nosso relógio biológico, interferindo não só nos ciclos de vigília e sono, como também no humor. Tudo indica que a baixa luminosidade causa uma quebra na produção de serotonina, um químico natural do cérebro que afeta o humor: quanto menos serotonina, maior a tendência para a tristeza e a depressão; pelo contrário, níveis acrescidos deste neurotransmissor aumentam o estado de satisfação – é por isso que é chamada a hormona da felicidade.

Por outro lado, a luz também tem influência sobre a melatonina, uma hormona associada ao sono e que é produzida durante a noite. Ora, durante o Outono/Inverno, as noites são maiores do que os dias, o que faz disparar os níveis de melatonina e, com eles, a sensação de fadiga e de falta de energia.

Não se conhecem as causas da depressão sazonal, mas o conhecimento dos mecanismos da influência da luz sobre a melatonina e a serotonina permite concluir que a depressão sazonal é mais um processo biológico do que psicológico ou psiquiátrico.

Pessoa com Depressão Sazonal
Pessoa com Depressão Sazonal

A idade também parece desempenhar o seu papel, na medida em que este é um problema mais comum a partir dos 25 anos, sendo muito raro abaixo dos 20. É também mais frequente entre o sexo feminino, embora no masculino os sintomas possam ser mais acentuados.

Principais sintomas da depressão sazonal

Os sintomas mais habituais da depressão sazonal são a fadiga permanente, já que o sono não cumpre o seu papel repousante, passando-se o dia num estado generalizado de sonolência. Também o apetite sofre alterações, sendo frequentes os desejos de açúcares, o que acaba por conduzir a ganhos de peso. A perda de energia é comum, acompanhada de dificuldades de concentração e processamento da informação. A ansiedade e a tristeza dominam, com progressiva perda de interesse pelas atividades que outrora davam prazer, e com tendência para o isolamento social. As oscilações de humor passam pela irritabilidade, apatia, baixa autoestima, angústia, ataques de choro, sentimento de culpa e ansiedade.

A depressão, em termos gerais, provoca uma distorção na visão do mundo e na visão que a pessoa tem de si mesma, pois os aspetos negativos passam a ter mais importância que os positivos, como se a pessoa percecionasse as coisas ao seu redor em tons de cinza. Também se verificam sentimentos de desesperança e abatimento e, mesmo quando a pessoa nega a existência desses sentimentos, eles manifestam-se de outras formas, como dores no corpo, que não possuem causas médicas que as justifiquem, ou através de sentimentos de raiva.

Tratamento da depressão sazonal

O tratamento da depressão sazonal pode passar pelo recurso a sessões de fototerapia. Mas, como em qualquer quadro depressivo, aconselha-se também a consultar um psicólogo que poderá realizar o despiste de modo a delimitar até que ponto os sintomas depressivos se devem ao mero ambiente externo de privação de luz ou se estão subjacentes outras dificuldades do foro psicológico desencadeadoras do mal-estar interno.

Elisabete Condesso / Psicóloga e Psicoterapeuta

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Sobre o Autor

Elisabete Condesso

Directora clínica da PsicoAjuda. Psicóloga clínica e Psicoterapeuta. Licenciada em Psicologia Clínica pela ULHT de Lisboa e com pós-graduação em Consulta Psicológica e Psicoterapia. Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos. Título de especialista em “Psicologia clínica e da saúde” atribuído pela Ordem dos Psicólogos.